7.3.13

Indígenas na Contramão da Inclusão Social * R. Ney Magalhães


As ações da FUNAI-Fundação Nacional do Índio, um órgão do Governo Federal que deveria seguir a regra e os fundamentos para a inclusão social dos indígenas brasileiros, pelo menos aqui nas fronteiras sul do MS não vem alcançando suas metas constitucionais.
Pelas ruas centrais das cidades é comum observar-se a imagem do quadro degradante de pobres e maltrapilhos índios que quase sempre alcoolizados caem pelas calçadas, e ali dormem ao relento. Crianças e mulheres indígenas completam essa moldura.
Decorridos os oito anos do governo socialista implementado por FHC, e nessas atividades assistenciais sob a coordenação da Primeira Dama Ruth Cardoso criaram-se as primeiras “Bolsas” de benefícios para os brasileiros mais pobres e carentes. Nos oito anos seguintes com o neo-socialismo de Lula os programas mudaram de nome, Fome Zero, Bolsa disso, Bolsa daquilo etc. O cadastro dos beneficiários e a distribuição dos alimentos saíram das mãos de Entidades Beneméritas Assistenciais passando a ser atribuição de Políticos e de cabos eleitorais.
No atual Governo Dilma o novo beneficio é chamado de combate à Extrema Miséria. Uma prova eloqüente de que aquelas benesses não tiveram efeito positivo.
Os Indígenas naturalmente também recebem esses benefícios, pagos com os Impostos gerados pelo trabalho de todos os cidadãos brasileiros. Não se trata, portanto, de uma bondade de Governantes, mas sim um dinheiro que sai do bolso de todos nós. E assim, devemos exigir que seja bem empregado em favor dos menos favorecidos.
Ao longo de meus quase oitenta anos, na lide dos ervais e serviço rural, tive como trabalhadores diversos índios Guarany brasileiros das Aldeias Taquapiri e Amambay, e outros Guarany-paraguayos do Chaco-y e Potrero Manta, localidades do Pais vizinho, próximas a Cel. Sapucaia.
Esses trabalhadores eram hábeis ervateiros e muito contribuíram na construção de nosso desenvolvimento até aos idos de 1964/65.
Com boa renda familiar produzida nos ervais, o futuro desses nossos irmãos parecia promissor. A inclusão social natural estava acontecendo, com os dois maiores pólos Ervateiros, Amambaí e Caarapó sempre elegendo pelo menos dois vereadores indígenas no mesmo mandato.
Naquela época em que não existiam maquinas de lavar roupas, era comum verem-se as moças e mulheres indígenas carregando enormes “trouxas” no caminho das cabeceiras e córregos executando serviços domésticos para as “donas de casa”. A maioria das famílias, principalmente de produtores rurais, empregava meninas e meninos Guarany trabalhando como “babá” e sendo alfabetizados com as demais crianças rurais. Assim também iniciei a criação de meus três filhos. Aos 18 anos, os jovens indígenas que assim o desejassem eram incorporados como soldados no 11º. Regimento de Cavalaria. O Pelotão Indígena idealizado pelo Cel. Sapucaia era bastante concorrido. A Inclusão natural se concretizava, com todos os brasileiros, sem discriminação de raça ou cor, trabalhando e produzindo seu sustento.
Com o fim das exportações de erva-mate os indígenas voltaram para suas Aldeias e os paraguayos retornaram ao seu País.
Meio século se passou, com os Governos simplesmente abandonando não só os Índios, mas também os filhos dos trabalhadores do Campo. Multiplicaram-se os analfabetos. Cursos Técnicos formadores de mão de obra jamais foram fomentados. Criou-se o SEM TERRA e muitos outros grupos sem perspectivas de trabalho, emprego e renda.
Os Programas Sociais mal orientados criaram o ócio e as famílias se multiplicaram aritmeticamente, com a Bolsa Maternidade astronomicamente acelerando a natalidade entre meninas índias.
Na esteira desses Programas migraram para cá milhares de índios paraguayos. Nas fronteiras do lado paraguayo não existem mais Indios.
No MS desde a Cabeceira do Apa até Paranhos e Japorã os acampamentos são mistos de índios estrangeiros.
Inclusão Social é um ato humanitário, porem nesse caso, está servindo ao interesse de maus políticos. Terra não é solução para dar dignidade e inclusão aos indígenas. Somente Escolas de Formação Técnica profissional para todos os jovens brasileiros poderão garantir essa afirmação democrática.

* Foi Delegado Federal da Agricultura no MS.
   Fundador da FAMASUL.
   Produtor Rural em Amambaí.
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