3.4.13


TACURÚ – Um próspero e emergente Município com áreas de terras férteis situado ao oeste do cone-sul do MS é no momento uma das vitimas da insensatez política que tomou conta do Brasil.
Com fronteiras territoriais ao lado do Paraguay, após a instituição das Bolsas e outros benefícios oferecidos aos indígenas brasileiros ali residentes, nos últimos anos têm recebido milhares de novos silvícolas daquele País vizinho atraídos por essas benesses.
Segundo declarações públicas da Presidente do Sindicato Rural local, são índios que chegam do Paraguay, Peru e Chile.
Esses benefícios alcançados aos Guaranis brasileiros foram iniciados no Governo de FHC e melhorados nos governos seguintes. Ações que devem ser aplaudidas.
O grande erro governamental, no entanto, foi deixar de dotar aquelas populações que desbravaram e colonizaram o extremo sul do MS, com Escolas fundamentais e profissionalizantes tanto para índios como para não índios.
Após a derrubada das matas e extração das madeiras, operações necessárias para a verdadeira ocupação da Terra possibilitando a produção de alimentos e gerando emprego e renda, os nordestinos e seus descendentes que aliados aos nativos executaram aqueles serviços, ficaram abandonados à própria sorte. Sem habilidade profissional para outras ocupações transformaram-se em SEM TERRA e ou em Indígenas desaldeados, sem matas, sem caça e pesca e sem futuro.
Faltaram as Escolas Técnicas Profissionalizantes. Os Governos falharam.
Iguatemi – Aral Moreira – Coronel Sapucaia - Amambaí e outros municípios do sul do MS vivem a dramática expectativa da desapropriação das terras titulados pelo próprio Governo.
O fato é concreto e real, as Portarias governamentais foram publicadas no Diário Oficial e os profissionais nomeados já estão qualificados para iniciarem os estudos que vão resultar na expulsão das famílias de produtores rurais que ali residem desde o inicio do século passado.
E no Congresso não se ouve nenhuma vóz a contradizer esse desrespeito à Constituição Brasileira.
O Executivo é ditador e soberano. Enquanto o Congresso é passivo e inconseqüente.
Ressalve-se no MS apenas o Governador, nesse caso, a única autoridade manifesta e sensata na defesa do Estado de Direito.
No município de Iguatemi 41.500 hectáres de terras já foram demarcadas e delas serão expulsos os legítimos proprietários que com Escrituras registradas e cadeia dominial cartorial provam a legitimidade da posse. Rasgou-se a Carta Magna.
Um atentado à Democracia que deve merecer a atenção da Suprema Corte Brasileira.
Historiando as terras contestadas.
O Presidente Getulio Dornelles Vargas-PTB e os primeiros deputados daquela região Balthazar Saldanha-UDN, Adjalmo Saldanha-UDN, Licyo Borralho-PTB e Weimar Gonçalves Torres PTB-PSD e por ultimo o Senador Rachid Derzi foram instrumentos do progresso quando incentivaram os colonos paulistas e nordestinos a adquirirem e trabalharem aquelas terras virgens.
Naquele final dos anos de 1930 além de Amambaí existia apenas o povoado de Iguatemi, e Tacuru era apenas uma Fazenda com poucos moradores, entre eles a família Brum. O Porto Marumbí era um reduto dos Vargas Batista. O restante eram matas virgens de perobas e palmitais que avançavam Paraguay adentro.
No final de 1958, como fiscal terceirizado da Carteira Agrícola do Banco do Brasil vistoriei ali, propriedades rurais elaborando projetos de financiamento para derrubada de matas e formação de pastagens e lavouras. A documentação era legal e o Banco Central do Brasil dava anuência ao BB para recebê-las em garantia hipotecaria.
Oscar Zandavale assim criou Eldorado. O nordestino meu amigo Caseiro ali criou raízes na zona do Barro Preto. Paulistas de Presidente Prudente e de Araçatuba abriram as matas de Tacuru.  Meu amigo Fioravante Vendramini deu vida a Colônia Botelho, com meeiros de café e lavouras brancas. E tudo isso acontecia com o espírito de brasilidade desses colonizadores que atendiam aos apelos governamentais.
O Banco do Brasil alavancou o progresso. O governo atual incentiva o contrário.
Com a palavra o Supremo Tribunal Federal – Guardião da Constituição.  
  
*Produtor Rural em Amambaí -77 anos.
   Fundador da FAMASUL
   Foi Delegado Federal da Agricultura no MS.

7.3.13

Indígenas na Contramão da Inclusão Social * R. Ney Magalhães


As ações da FUNAI-Fundação Nacional do Índio, um órgão do Governo Federal que deveria seguir a regra e os fundamentos para a inclusão social dos indígenas brasileiros, pelo menos aqui nas fronteiras sul do MS não vem alcançando suas metas constitucionais.
Pelas ruas centrais das cidades é comum observar-se a imagem do quadro degradante de pobres e maltrapilhos índios que quase sempre alcoolizados caem pelas calçadas, e ali dormem ao relento. Crianças e mulheres indígenas completam essa moldura.
Decorridos os oito anos do governo socialista implementado por FHC, e nessas atividades assistenciais sob a coordenação da Primeira Dama Ruth Cardoso criaram-se as primeiras “Bolsas” de benefícios para os brasileiros mais pobres e carentes. Nos oito anos seguintes com o neo-socialismo de Lula os programas mudaram de nome, Fome Zero, Bolsa disso, Bolsa daquilo etc. O cadastro dos beneficiários e a distribuição dos alimentos saíram das mãos de Entidades Beneméritas Assistenciais passando a ser atribuição de Políticos e de cabos eleitorais.
No atual Governo Dilma o novo beneficio é chamado de combate à Extrema Miséria. Uma prova eloqüente de que aquelas benesses não tiveram efeito positivo.
Os Indígenas naturalmente também recebem esses benefícios, pagos com os Impostos gerados pelo trabalho de todos os cidadãos brasileiros. Não se trata, portanto, de uma bondade de Governantes, mas sim um dinheiro que sai do bolso de todos nós. E assim, devemos exigir que seja bem empregado em favor dos menos favorecidos.
Ao longo de meus quase oitenta anos, na lide dos ervais e serviço rural, tive como trabalhadores diversos índios Guarany brasileiros das Aldeias Taquapiri e Amambay, e outros Guarany-paraguayos do Chaco-y e Potrero Manta, localidades do Pais vizinho, próximas a Cel. Sapucaia.
Esses trabalhadores eram hábeis ervateiros e muito contribuíram na construção de nosso desenvolvimento até aos idos de 1964/65.
Com boa renda familiar produzida nos ervais, o futuro desses nossos irmãos parecia promissor. A inclusão social natural estava acontecendo, com os dois maiores pólos Ervateiros, Amambaí e Caarapó sempre elegendo pelo menos dois vereadores indígenas no mesmo mandato.
Naquela época em que não existiam maquinas de lavar roupas, era comum verem-se as moças e mulheres indígenas carregando enormes “trouxas” no caminho das cabeceiras e córregos executando serviços domésticos para as “donas de casa”. A maioria das famílias, principalmente de produtores rurais, empregava meninas e meninos Guarany trabalhando como “babá” e sendo alfabetizados com as demais crianças rurais. Assim também iniciei a criação de meus três filhos. Aos 18 anos, os jovens indígenas que assim o desejassem eram incorporados como soldados no 11º. Regimento de Cavalaria. O Pelotão Indígena idealizado pelo Cel. Sapucaia era bastante concorrido. A Inclusão natural se concretizava, com todos os brasileiros, sem discriminação de raça ou cor, trabalhando e produzindo seu sustento.
Com o fim das exportações de erva-mate os indígenas voltaram para suas Aldeias e os paraguayos retornaram ao seu País.
Meio século se passou, com os Governos simplesmente abandonando não só os Índios, mas também os filhos dos trabalhadores do Campo. Multiplicaram-se os analfabetos. Cursos Técnicos formadores de mão de obra jamais foram fomentados. Criou-se o SEM TERRA e muitos outros grupos sem perspectivas de trabalho, emprego e renda.
Os Programas Sociais mal orientados criaram o ócio e as famílias se multiplicaram aritmeticamente, com a Bolsa Maternidade astronomicamente acelerando a natalidade entre meninas índias.
Na esteira desses Programas migraram para cá milhares de índios paraguayos. Nas fronteiras do lado paraguayo não existem mais Indios.
No MS desde a Cabeceira do Apa até Paranhos e Japorã os acampamentos são mistos de índios estrangeiros.
Inclusão Social é um ato humanitário, porem nesse caso, está servindo ao interesse de maus políticos. Terra não é solução para dar dignidade e inclusão aos indígenas. Somente Escolas de Formação Técnica profissional para todos os jovens brasileiros poderão garantir essa afirmação democrática.

* Foi Delegado Federal da Agricultura no MS.
   Fundador da FAMASUL.
   Produtor Rural em Amambaí.
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